terça-feira, 23 de novembro de 2010

Desvantagens da Implementação do €uro

Anteriormente publiquei um texto neste blogue sobre as Vantagens do Euro. No entanto, devo confessar que vejo nesta moeda única também uma grande quantidade de desvantagens.

A moeda única europeia significa – para os países aderentes – uma significativa perda de autonomia nacional sobre as políticas monetárias e cambiais. O Banco Central Europeu (BCE) tem supremacia no que diz respeito ao Euro, decidindo quanto dinheiro deve ser “impresso” e qual a relação cambial do Euro com as outras moedas. Desta forma os países aderentes deixaram de poder tomar decisões autónomas quanto a essas matérias, perdendo assim a sua independência nesse domínio.
Esta perda de autonomia cambial retira ainda ao país um dos seus instrumentos mais relevantes na promoção e competitividade internacional das suas exportações: a possibilidade de reduzir a sua taxa de câmbio tornaria os seus produtos mais concorrenciais e atractivos nos seus mercados potenciais. Anteriormente os países recorriam com frequência ao ajustamento da sua taxa de câmbio, de forma a tornarem os seus produtos transaccionáveis relativamente mais baratos face ao exterior. Actualmente isto não é possível, visto que o BCE define a taxa de câmbio de forma global para todos os países aderentes.
Com o Euro existe a possibilidade de ocorrência de choques assimétricos, que tendem a ser desfavoráveis para países de menor poder económico. Fala-se de choques assimétricos quando dois países membros são afectados de maneira oposta por um choque que afecta ambas. Por exemplo, se os EUA deixassem de vender certo produto para a Europa que a Alemanha também produzisse a um preço mais elevado, isso seria negativo para um país como Portugal, mas para a Alemanha seria positivo. Perante uma situação destas – não num produto em específico, mas de forma mais generalizada – a reacção das políticas monetárias destes dois países para reduzir os possíveis efeitos negativos desta ocorrência seria oposta - se esses fossem ainda autónomos. No entanto, uma vez que as políticas monetárias são definidas pelo BCE para todos os conjuntos dos países membros da moeda única, a reacção será definida de forma global, sendo esta essencialmente influenciada pelos países de maior poder económico.
Inicialmente, a implementação de uma nova moeda teve também custos significativos para o Estado e para as empresas. Foi necessário converter todos os preços em moeda antiga para a nova moeda, sustentar campanhas de informação e sensibilização da população para a nova moeda a utilizar e foi ainda necessário substituir todas as marcações de preços. Tudo isto implicou grandes custos de adaptação inicial, que só passados alguns anos foram ultrapassados.

Concluímos que a implementação da moeda única na Europa acarreta várias desvantagens como a perda de autonomia dos países membros, a possibilidade de ocorrência de choques assimétricos e os custos de adaptação inicial.

Sem comentários:

Enviar um comentário