A Verdade vem definida nos dicionários de língua portuguesa como a realidade ou a conformidade entre o pensamento ou a sua expressão e o objecto do pensamento. Em termos de realidade, o dicionário de filosofia fala da Verdade como uma existência diferente da ilusória, aparente e irreal. Tendo em conta que cada ser humano é indiscutivelmente diferente de todos os outros, sabemos que cada um tem uma visão pessoal da realidade e concebe noções diferentes sobre a maioria dos assuntos. Estando a Verdade intimamente ligada à realidade – e sendo a visão da realidade diferente de pessoa para pessoa – , cada ser humano terá, pois, uma noção diferente de Verdade que diferirá certamente da dos outros.
No mundo moderno tem-se consciência de que o conceito de Verdade é de tal maneira abrangente e intangível que se adoptaram diversas perspectivas, assumindo-se que o que para uns é verdade pode não o ser para outros.
Se a Verdade fosse igual para todos, então existiria – por exemplo – apenas uma religião global e não haveria sequer a necessidade de argumentar, já que todos teriam a mesma opinião. Mas isto não ser verifica na realidade. Os católicos, por exemplo, assumem como verdade a existência de Deus e a sua omnipotência, algo que os ateus vêm como irreal e falso.
Ao longo da história verificaram-se, no entanto, diversas tentativas de definir a Verdade num conceito absoluto e aceite por todos:
- Na civilização grega Platão, por exemplo, defendia a existência de dois mundos: um inteligível e outro sensível. O mundo inteligível é o mundo perfeito onde tudo é imutável, puro e real. Segundo Platão é nesse mundo de Verdade que habitam as nossas almas, conhecendo a Verdade Absoluta, antes de, por castigo, serem aprisionadas num corpo humano. Esse corpo vive no mundo sensível, um mundo impuro, mutável e sensível. Nesse mundo existem apenas cópias rascas da realidade do mundo inteligível – da Verdade.
- As religiões espalharam também uma nova visão da Verdade como algo conhecido apenas por um deus e que é absolutamente imperceptível aos olhos do Homem. Dado o escasso desenvolvimento da ciência e o pouco conhecimento que existia na altura sobre o mundo, o deus surgia como a única explicação para tudo e era o dono da Verdade.
Embora estas tentativas fossem cruciais à nossa evolução como civilização, nenhuma delas foi capaz de criar consenso e foi-se tornando claro para os estudiosos que a Verdade é de facto indefinível num âmbito absoluto.
Tendo em conta então que até hoje não foi possível ao Homem definir a Verdade e que esta é pessoal e varia de pessoa para pessoa conforme as noções e crenças, concluímos que não existe, até à data, uma definição de Verdade generalizada e aceite por todos. Ou seja, o que para uns é verdade, para outros pode não o ser. No entanto seria possível, a nível individual, definir a Verdade, já que cada um conhece as suas próprias noções e crenças.
Eventualmente será possível – à medida que a ciência evolui e tenta explicar a verdade da biologia, da física, da química, entre outras, aproximar o Homem daquilo que ele continuou sempre a procurar – a Verdade.
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